sábado, 31 de maio de 2008

Resenha - TICs

AS TICs E A “NOVA ECONOMIA “: PARA ALÉM DO DETERMINISMO TECNOLÓGICO.

Segundo Manuel Castells quando diz que A Sociedade em Rede, declara que “o dilema de determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado , que a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada em suas ferramentas tecnológicos, muitos outros também concordam ao analisarem o papel das novas tecnológicas nas transformações econômicos e socioculturais observados em nossa sociedade.
Um exemplo é a discussão das Tecnologias da Informação e da Comunicação as chamadas TICs dentro dos dias atuais. De um lado aqueles que defendem que as novas tecnologias causem uma impressão muito forte­ – positiva ou negativamente- de tal maneira que a sociedade social e o ambiente produtivo manifesta-se, ou seja, sairia do lugar onde se encontra mergulhado. De outro lado uma postura mais prudente a fim de corrigir mancha na reputação do regime sócio, político e econômico que estão excluídos.
Do ponto de vista do trabalho,por exemplo Daniel Bell aponta a importância das novas tecnologias da informação e do conhecimento para fim do velho paradigma produtivista e o surgimento de um novo. Em que as diferenças dos resultados podem identificar a convicção em um modo de produção que muda profundamente a lógica reprodutiva e o sistema gerencial a partir da ampliação das forças produtivas microeletrônicas, da comunicação e do trabalho intelectual.
Acontece que , do ponto de vista dessas análises, posta a intelectualização generalizada dos processos de trabalho e de consumo, novas habilidades para assegurar o sucesso competitivo são exigidos. Mais do que a capacidade de se apenas sistemas de máquinas segunda uma lógica mecânica, o que se procura extrair da força de trabalho é sua capacidade de “pensar, solucionar problemas, garantir a qualidade.” Gerenciar e explorar o conhecimento de cada funcionário torna-se, segundo vários analistas, o fator crítico de sucesso empresarial na atualidade.
Assim com a força de trabalho- agora transformada em intelectualidade de massa e caracterizada por seu caráter cooperativo, sua valorização afetiva e natureza comunicativa- e até mesmo o trabalho a abstrato, medido pelo tempo de trabalho socialmente necessário, para assentar-se sobre o tempo da vida , no acúmulo de informações e nas capacidades criativas. Nas palavras de Hardt e Negri: “A produtividade, a riqueza e a criação de superávits sociais hoje em dia tornam a forma de interatividade cooperativista mediante redes lingüísticas, de comunicação e afetivas.”
Ao elegerem as novas tecnologias como agentes da mudança social incorrem no mesmo engano de Ned Ludd para quem as máquinas seriam as responsáveis pelo desemprego e miséria de uma parcela da população. Não é portanto, por necessitar cada vez mais ,com o advento da máquina-informal,da objetivação do “comportamento lúcido e consciente, sobre o qual a linguagem opera que a subordinação do trabalho ao capital tenha terminado ou que os trabalhadores tenham se tornado mais autônomos, ou seja, hoje como antes, trata-se de trabalho de tipo capitalista, essencialmente trabalho assalariado, objetivando a valorização do capital. Esquecer-se dessa relação de poder ou transformar potências embrionárias em realidade histórica e recair no fetichismo.
Outra situação mais sofisticada é aquela que defende as TICs um poder regulador ou democratizante de per si. Considerando a produtividade como o fator essencial de um modo de produção, Manuel Castells volta a sua atenção para os “modos de desenvolvimento”, ou seja, os dispositivos tecnológicos capazes de definir, a cada época, o nível e a qualidade da sobra. Assim,após os modos de desenvolvimento agrário e industrial,assistiríamos a partir da revolução microeletrônica, ao surgimento de um novo modo, o informacionalismo, que teria no trabalho criativo e na cultura da inovação as fontes da produtividade e valorização econômica.
A instabilidade, sistêmica e empiricamente comprovada, dos mercados seria causada por aquilo que Castells chama de “turbulências de informação”, isto é, informações “imperfeitas”vindas de diversas fontes que , ao chegarem na rede, geram avaliações incorretas levando a superavaliação ou subestimação das empresas e , conseqüentemente ao investimento ou desinvestimento em capital de risco e com isso acelerando ou refreando o ritmo de inovação.
Com a “nova economia” grande parte dos produtos criados, como a informação e o conhecimento, ao contrário das “ mercadorias-coisas ” não geram rivalidade ou escassez podem ser utilizadas de formas repetidas e concorrente por várias pessoas sem que com isso se esgotem, possuem caráter acumulativo ( um conhecimento existente é o fator principal da reprodução/distribuição desses produtos são, geralmente, muito baixos).
Castells e vários outros que se apresentam em enaltecer os ganhos democratizantes dos novos meios tecnológicos e da sociedade em rede parecem também desconhecer a dupla natureza da informação em nossa sociedade.Como aponta Alain Herscovici, o caráter colaboracionista das redes eletrônicas só diz respeito as informações públicas ou quase públicas.Entretanto devido ao caráter comercial e não de grandeza do sistema, uma boa parte da informação divulgada é “ privada “ , ou semi-privada, à medida que, por razões econômicas, ou estratégicas, suas modalidades de acesso têm que ser limitadas.Assim, pelo menos no caso dessas últimas sem valor econômico depende da capacidade dos meios de limitar o seu acesso.
Em um último aspecto,que contradiz as posturas tecnicistas, é o da gestão das infra-estruturas informais.Se for verdade que grande parte da economia mundial depende do bom desempenho dessas tecnologias, parece óbvio que esse setor seja alvo de acirrada disputas econômicas e políticas.Ainda que como salientou G.Dupuy , em suas origens, a maior parte das redes tem sido criadas por iniciativa de companhias privadas que esperavam beneficiar novos mercados em busca de lucros, os altos investimentos em infra-estruturas e as próprias limitações naturais ( como, no caso das telecomunicações, a ocupação do espectro eletromagnético ) levaram a forte participação do Estado e ao controle monopolizado dessas áreas.A conseqüência foi a adoção, nos diversos países, de uma estrutura, onde questões como o controle das tarifas, a continuidade de serviços, a gestão dessas infra-estruturas urbanas.
A recusa em se politizar as TICs , ou em outro termo, a tentativa de tratá-las como dispositivos meramente técnicos ou tecnológicos representam um importante empecilho
ao desenvolvimento de outros usos que por ventura possam vir a nascer.É pois, essa ordem de coisas que devemos ter no horizonte se quisermos construir um ambiente público informacional inclusive, realmente democrático, ou seja, popular.

Referência do texto lido:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000100012&lng=pt&nrm=iso

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A partir de hoje, publicarei neste espaço posts contendo informações de interesse para a disciplina Organização do conhecimento.